terça-feira, 19 de abril de 2011

Contextualização Proposta 2

Ricardo Reis

A poesia de Ricardo Reis, um dos três mais famosos heterônimos de Fernando Pessoa, é inspirada pela clareza, equilíbrio e espírito clássico. Ela procura alcançar a paz e o equilíbrio, mas sem sofrimento e dor.
Para atingir tais critérios esta se baseia na autodisciplina e nas seguintes doutrinas gregas:
Epicurismo – que tem como características o fatalismo (morte como única certeza da vida), carpe diem (aproveitar a vida e todos os seus prazeres sem se preocupar com o futuro) e a fuga da dor (sobreposição da razão à emoção).
Estoicismo – tem como ideal a apatia e que pretende alcançar a felicidade através do domínio das paixões (refuta o amor para que nada pertube a razão e a serenidade) e aceitação da ordem universal das coisas (conformismo de pensar a vida como efémera, um caminho para a morte, mas sem angústias em aceitá-la).
Reis faz uso frequente de alusões mitológicas. Ainda existem outras características temáticas das composições do poeta como: harmonia entre o epicurismo e o estoicismo, procura da ataraxia, elogio da vida campestre, obsessão da efemeridade da vida, etc. Além disso, os poemas possuem caráter moralista e exortativo.
Em relação aos aspectos formais o poeta trabalha com linguagem culta e precisa e sem muita espontaneidade. Também faz muito uso do hipérbato (inversão dos termos da oração), gerúndio, imperativo, subordinação, formas estróficas e métricas de influência clássica, advérbios de modo.


Alberto Caeiro


Alberto Caeiro despreza qualquer tipo de pensamento filosófico, pois para ele este obstrui a visão de maneira que quando pensamos entramos em um mundo complexo e problemático de incertezas e obscuridade. Por isso, ele se considera um poeta anti-metafísico.
O heterônimo de Pessoa ainda opta por enxergar apenas a realidade de forma objetiva e natural. Ele se detaca por sua simplicidade, por considerar a realidade como única sensação possível, pelo interesse pela natureza e pelo uso constante o verso livre e linguagem simples e familiar.
Em relação ao aspecto linguístico Caeiro se destaca pelo estilo discursivo, pendor argumentativo, transformação do abstrato em concreto através da comparação, uso do substantivo concreto, liberdade na utilização das estrofes e métrica, ausência de rima e utilização predominante do presente do indicativo.
Outras características de sua poesia são: o conseguir pensar sem sentir - o que lhe permite viver sem dor, envelhecer sem angústia e não se desesperar com a morte, não procurar encontrar sentido para a vida – e a aceitação e contemplação da realidade como ela é e refutando a subjetividade, introspecção e misticismos.
Além disso, há ligação com a natureza, temporalidade estática – viver apenas no presente, sem se preocupar com passado ou futuro – e a crença de que as coisas não tem significado, mas sim existência.

Álvaro de Campos

Álvaro de Campos teve suas obras distribuídas em três fases: a decadentista, a modernista e a negativista.


1ª Fase - Decadentista

Nesta fase, a qual se aproxima mais da poesia do final do século, o poeta exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações. Além disso, a fase exprime náusea, abatimento. A principal característica da poesia dessa fase é a falta de sentido para viver e a fuga da monotonia.
Primeiramente, Campos de aproximou do dacadentismo através do simbolismo, mas logo passa para o futurismo.


2ª Fase – Futurista/Sensacionista

Neste período a poesia se destaca pela transgressão da moral estabelecida e da lírica tradicional. Ela tinha linguagem eufórica, com abundância de onomatopéias e contínua exaltação do mundo moderno.
Ocorre a celebração da modernidade e seus recursos, a oposição entre a força e brutalidade das máquinas e a beleza tradicionalmente concebida. Além da exaltação exacerbada do progresso tecnológico.
Durante esta fase, o poeta foi influenciado diretamente pelo estilo de Walt Whitman e Marinetti (Manifesto Futurista).


3ª Fase – Intimista/Pessimista

Esta fase se caracteriza pela incapacidade de realizações que leva ao retorno do abatimento e cansaço.
Os temas principais são: a solidão interior, a incapacidade de amar, a descrença em relação a vida, nostalgia da infância, a estranheza e perplexidade, a frustação e a oposição entre sonho e realidade.
Durante este período, Campos sente-se vazio e incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado, relembrando a infância de maneira saudosista.

Em relação a linguagem, a poesia se destaca pelos poemas muito extensos ou muito curtos, versos brancos e rimados, assonâncias, onomatopéias, aliterações, ritmo crescente/decrescente ou lento nos poemas de caráter niilista da terceira fase.
Já na fase futurista há excesso de expressão e exagero evidenciado pelas enumerações exageradas, exclamações, interjeições variadas, versos formados apenas com verbos, mistura de níveis de língua, estrangeirismos, neologismos, desvios sintácticos.
Campos ainda faz uso constante de apóstrofes, anáforas, personificações, hipérboles, oximoros, metáforas ousadas e polissíndetos.

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